26 de abril de 2015
Quarto Domingo de Páscoa
Primeira Leitura: Atos 4: 8-12
“É pelo nome de Jesus Cristo de Nazaré – aquele que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos – que este homem está curado, diante de vós. Jesus é a pedra que vós, os construtores, desprezastes e que se tornou a pedra angular”.
Reflexão
Em um encontro de um a Comunidade Eclesial de Base na Cidade de Goiás, Estado de Goiás, uma missionária ouviu Dona Ana contar a história de como era a sua vida até que conheceu e vivenciou o que é uma Comunidade Eclesial de Base.
Essa senhora partilhou que participava sempre das reuniões, visitava os doentes rezando e dando conselhos, embora isso contrariasse
o seu marido, que sempre dizia que aquilo era uma perca de tempo. Especialmente quando a reunião era na casa dela, seu Sebastião, esbravejava, procurava ignorar tudo, e fazia questão de aumentar o volume da televisão. Mas dona Ana repetia: “Como Jesus foi crucificado e Deus o ressuscitou dos mortos, um dia meu marido mudará”. E isso aconteceu!
Graças à perseverança de dona Ana, hoje seu esposo é um coordenador da comunidade e faz parte do Conselho de Saúde da Cidade de Goiás. A fé de uma mulher fez com que seu esposo “ressuscitasse” para uma vida nova, trazendo bons frutos de paz na família, e uma
contribuição para a sociedade, oferecendo maior atenção aos doentes da região, já que seu Tião fez um curso na área da saúde e junto com sua esposa são “testemunhas de que a vida é mais forte do que a morte” como Ana repete continuamente.
Segunda Leitura: João 3,1-2
“Vede que prova de amor nos deu o Pai: que sejamos chamados filhos de
Deus, e nós o somos.”
Evangelho: 10, 11-18
“Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou a vida pelas minhas ovelhas... É por isso que o Pai me ama, porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente. Ninguém tira a minha vida, eu a dou livremente; tenho o poder de entregá-la e tenho o poder de retomá-la, esta é a ordem que recebi do meu Pai.”
Reflexão
Esta leitura da Liturgia de domingo nos questiona sobre o nosso modo de sermos “pastores” e “curadores”, tomando Dona Ana e seu Tião
como o exemplo que, como religiosas, queremos ser profetas de diálogo e de cura na Igreja e no mundo, que queremos ser como o bom pastor, a Palavra de Deus nos convida a cumprir com maior fidelidade a nossa vocação.
Visitar, escutar, “perder tempo” com os mais pobres e sofredores, são urgências vitais nos dias de hoje. O sofrimento do povo continua
sendo muito grande. Não podemos fechar os olhos frente à realidade da luta pela sobrevivência em nossas periferias.
São muitos os que sofrem com situações de pobreza, violência, vícios... Enfim, são os feridos do nosso tempo, que necessitam de cura.
Seguindo as pegadas de Jesus, indo ao encontro dos irmãos e irmãs que sofrem, a exemplo do Bom Pastor, “perdendo tempo” para escutar e ser presença junto ao povo sofrido, é curar uma grande parte das suas doenças.
Agindo assim, podemos assumir o que disse um dia a Bem Aventurada Francisca Schervier: “Ofereci-me a Deus pela humanidade pobre e sofredora...” Então, não precisamos falar, muito menos pregar ou dar lições de moral. É suficiente tocar as pessoas com o toque do próprio
Jesus, e o milagre acontecerá!
.
No contexto atual, o que mais nos desafia a reconhecer o Cristo sofredor em nossos irmãos e irmãs, e a agir como pastores e
profetas do diálogo e da cura?
Como é que nós, que abraçamos o carisma de cura da congregação das irmãs franciscanas dos pobres, conseguimos
perceber os impactos causados pela nossa presença na realidade em que vivemos? Quais são esses impactos?
Oração Conclusiva:
Ó Senhor, ajuda-nos a poder dizer, como o teólogo brasileiro Dom Pedro Casaldáliga : “Ao final do caminho me dirão: --- E tu, viveste? Amaste? E eu, sem dizer nada, abrirei o coração, cheio de nomes.”
Reflexão Preparada pela Área do Brasil
Publicado em: 24/04/2015