Partilhamos esta história de renascimento e ressurreição, como nos foi contada por um casal que frequenta o Encontro das Famílias SFP, falando da vida real e de uma vida reiniciada com nova esperança e amor. Damos a palavra aos protagonistas ...
Não muito tempo atrás, em uma casa de paredes ainda vazias de recordações e belos momentos ainda a serem vividos, morava um casal, recém casado. D. era o marido e F. a esposa. Infelizmente, com exceção do início feliz, seu casamento não estava indo bem, andavam na contramão da felicidade e os problemas começaram a surgir e a se reproduzir, cada vez mais complicados.
Os conflitos começaram a dominar aquela casa e, em vez de construir momentos felizes, construiram-se memórias de ódio, rancor e recriminações, com palavras mal intencionadas que feriam mais que golpes de espada alvejando o coração.
Ela dizia a ele: "Por que fui me casar com você? Por que fui arruinar a minha vida? Deixei tudo por você e foi o maior erro que jamais cometi. Odeio você!"
Ele, por sua vez respondia: "Ah, volta pra casa da mamãe e do papai. Maldito o dia em que me casei com você!"
Era assim que o casal vivia, se ofendendo a maior parte do tempo, durante meses e até alguns anos, morando juntos.
Um dia, porém, seu caminho tortuoso foi marcado por um encontro providencial, salvífico, e de cura. A salvação veio de uma mulher miúda e delicada, suave e muito paciente, uma Irmã Franciscana dos Pobres. E tinha que ser paciente porque se colocava à disposição durante horas a fio ao telefone ouvingo D. que ligava para ela angustiado, e tantas vezes que a Irmã precisou , teve que mudar de servidor do seu celular para evitar esses diálogos intermináveis.
Finalmente, decidiu propor aos dois fazerem parte de um grupo de casais onde talvez, pouco a pouco, pudesem encontrar a chave certa para abrir as portas dos seus corações ao perdão e à compreensão mútua. Eles concordaram e entraram para o grupo, decididos a dar uma última oportunidade de cura ao seu relacionamento. O meio para fazer isso estava à sua disposição, era só querer ouvir um ao outro e se abrir.
Seguiram adiante naquela caminhada de Ressurreição, frequentando os encontros, até que um dia chegaram a um ponto crucial. Foi em 27 de setembro de 2015, durante a Missa de S. João, a data e o local onde conseguiram dar uma nova chance para o seu casamento casamento desandado e dado como morto cedo demais.
A Irmã teve a ideia de pôr em prática a "terapia do abraço". Pediu aos casaiso que simpesmente se dessem um abraço, com ternura. D. e F. olharam um para o outro, e ficaram se olhando nos olhos por um longo tempo e, se abraçando, romperam em lágrimas libertadoras. Alguém de cima preocupou-se em mantê-los juntos, naquele abraço, cheios de amor e de energia para recomeçar.
O reinício despontava. A partir daquele dia as paredes de sua casa começaram a encher-se de memórias felizes e gestos de amor sincero. Os esposos decidiram viver o amanhã em nome da compreensão, da escuta e do diálogo. É claro que não faltaram outras quedas, mas com o tempo foram aprendendo a se recuperar, e a se ajudar a levantar de novo.
Conseguiram ser felizes, e hoje vivem o casamento em sua plenitude, como se cada dia fosse o último que estariam juntos. Não, eles tinham chegado ao fim. Aquele abraço foi apenas o começo de uma história de amor que tem ainda muito mais para ser vivida em constante companhia. – D. e F.
Publicado em: 02/11/2016